No último dia 10 de outubro foi realizada no Centro de Formação de Professores Miguel Arraes, pela Divisão de Vigilância Epidemiológica (DIVIEP), a Capacitação e Reciclagem na Técnica de Aplicação da Vacina BCG-ID. O treinamento consistiu em apresentar as técnicas adequadas de manuseio e aplicação da Vacina BCG-ID para profissionais de saúde da rede, Santa Casa, NASF e Tisiologia de Mauá. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra também enviaram representantes de sua rede para o treinamento. No total, a capacitação contou com a presença de 30 enfermeiros, que se comprometeram em multiplicar a técnica em seus locais de trabalho.
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Teste intradérmico realizado entre os enfermeiros presentes no dia do treinamento |
A Divisão de Educação em Saúde também esteve presente apresentando duas dinâmicas de grupo: "Caneta na garrafa" e "O cego e o guia", afim de estimular ainda mais o trabalho em grupo entre eles e o acolhimento no atendimento aos pacientes.
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Dinâmica "Caneta na garrafa" |
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Dinâmica "O cego e o guia" |
Vejamos um pouco da história da Tuberculose e a importância da vacina BCG-ID.
Tuberculose
Quando em 1882, o medico alemão Robert Koch anunciou a descoberta do bacilo causador da Tuberculose, o Mycobacterium tuberculosis, este já acompanhava a humanidade há milênios.
Existem relatos de evidência da doença em ossos humanos pré-históricos encontrados na Alemanha, datados de 8.000 anos a.C.. Já se descrevia lesões de tubérculos nas múmias do Egito e documentos antigos. Hindus e chineses relatam quadros de uma doença pulmonar muito semelhante à Tuberculose, ocorrendo o aumento no número de citações à medida que ocorre a passagem da vida nômade para a vida em vilas e conglomerados.
Com os deslocamentos humanos, decorrentes de guerras, conquistas e comércio, a doença vai se espalhando pelo mundo, chegando ao seu apogeu, na Europa, no século XVIII. Com a Revolução Industrial que levou ao êxodo rural, aglomeração nas cidades, a pobreza e elevação das taxas de mortalidade (coef. De 200-400/100.000 hab.), a doença foi chamada de “Peste Branca”. Até 1940, o tratamento realizado em sanatórios, era basicamente repouso e boa alimentação.
A Tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento. Estima-se que cerca de 1,7 bilhões de indivíduos em todo o mundo estejam, infectados pelo M. tuberculosis, correspondendo a 30% da população mundial.
No Brasil, estimam-se, do total da população, 57 milhões de pessoas estão infectadas, com aproximadamente 72 mil casos novos por ano. O número de morte pela doença em nosso meio é de 4 a 5 mil, anualmente.
A transmissão da Tuberculose é feita pelo ar. O doente ao tossir e espirrar elimina gotículas contendo no seu interior de 1 a 2 bacilos, podendo atingir os alvéolos pulmonares e iniciar sua multiplicação. Aproximadamente em 15 dias, os bacilos podem multiplicar-se livremente, porque ainda não existe imunidade adquirida. Nesse período, os bacilos podem alcançar número superior 105 e, partindo da lesão pulmonar, atingir a via linfo-hematogênica, comprometendo linfonodos e órgãos dos diversos sistemas e aparelhos, principalmente o fígado, baço, a medula óssea, os rins e o sistema nervoso.
Vacina BCG-ID
No Brasil, até o final dos anos 60, só se aplicava a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) por via oral. Em 1973, iniciou-se, através do Programa Nacional de Imunizações, a aplicação da vacina BCG intradérmica (BCG-ID).
A primeira dose desta vacina é indicada, para ser aplicada, prioritariamente, no primeiro mês de vida.
A vacina provoca, de maneira artificial, uma primo-infecção (primeira infecção) leve e inofensiva.
Por outro lado, nos indivíduos que tiveram a primo-infecção de maneira natural, a vacinação evita que a infecção evolua para doença. O objetivo é aumentar a resistência do indivíduo, caso ocorra uma infecção posterior, causada por bacilos virulentos. A vacinação protege desse modo, contra as formas graves de tuberculose.
Indicação
A vacina BCG-ID (bacilo de Calmette e Guérin) é administrada com a finalidade principal de prevenir as formas graves da tuberculose (miliar e meníngea), em crianças menores de cinco anos, mais freqüentemente nos menores de um ano.
As crianças portadoras do HIV, positivas assintomáticas, e as crianças cujas mães são HIV-positivas recebem também a vacina BCG-ID, o mais precocemente possível.
Contra-indicação
A vacina BCG-ID é contra-indicada nas seguintes situações:
- Crianças com imunodeficiência congênita;
- Crianças e adultos com AIDS (portadores do HIV, positivos sintomáticos);
Também deve ser adiada nos seguintes casos:
- Crianças pesando menos de 2 Kg, devido à escassez do tecido cutâneo;
- Afecções dermatológicas extensas, ou no local de aplicação;
- Em tratamento com corticosteróides em dose elevada (equivalente a prednisona na dose de 2mg/Kg/dia ou mais, para crianças, ou de 20mg/dia ou mais, para adultos, por mais de 2 semanas) ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia, etc.). Adiar a vacinação até 3 meses após o término do tratamento;
- Gestantes.